Os
primeiros pontos de luz nas trevas do pensar livre, provocados pela rendição da
razão à soberania da fé durante a chamada idade média, são percebidos nas obras
de pensadores como Copérnico que, em sua defesa e interpretação da teoria
heliocêntrica provocou uma verdadeira revolução. O deslocamento da terra, obra
prima do Deus criador, do centro do universo significou que o homem, tido como
o supremo ato da criação, deixou também de ocupar seu lugar de criatura sujeito
aos caprichos desse Deus. Da mesma forma que Sócrates, Platão e Aristóteles
antes deles os filósofos da modernidade chamaram para o âmbito da inteligência
e capacidade humana a tarefa de pensar o mundo!
Os
historiadores afirmam que o renascimento nos séculos XIV e XV marcado pela
redescoberta da arte e literatura grega, o humanismo com sua ênfase no temporal
e a consequente colocação do homem no centro da realidade, o repensar da
política e estilo de governo marcado pelas obras do Maquiavel, o estudo
científico e a Filosofia Moderna com sua ênfase do poder racional do homem,
sinalizaram um retorno às raízes do pensamento racional e a morte do poder de
controle do astrólogo, do mago e da igreja sobre o conhecimento. A sabedoria (o
conhecimento) não é mais visto como algo sagrada e mística além da compreensão
do homem comum; através do pensar, do raciocinar o homem é capaz de traçar seu
próprio destino e caminhar rumo ao conhecimento. No presente texto serão
apresentadas características dessa época da jornada humana, será que é de fato
uma viagem das trevas à luz ou pode ser considerado o curso natural das coisas
à luz do crescer do conhecimento humano?
A filosofia
da idade moderna nasceu graças aos trabalhos dos protagonistas do renascimento
cultural e científico dos séculos XIV e XV entre eles Nicolau Copérnico,
Leonardo da Vinci, e dos esforços de cientistas e pensadores como Galileu
Galilei, Francis Bacon, René Descartes e Emanuel Kant nos séculos seguintes e tem
entre suas características:
O Racionalismo
A filosofia
moderna propriamente falando iniciou-se com a teoria do conhecimento do René
Descartes. Conhecido como pai da filosofia moderna, parece que ele levou muito
a sério as palavras do Leonardo Da Vinci que diz "Quem pouca pensa, muito
erra."! Na Idade Média, na sociedade e na política a Palavra de Deus,
considerada fonte única do conhecimento absoluto, foi interpretada pela igreja
que dominava todos os aspectos da vida. O renascimento trouxe uma ênfase
renovada no desenvolvimento científico e na capacidade humana e a necessidade
de uma nova definição do ser humano e seu lugar no mundo. Na modernidade a
chamada Idade da Razão então, surgiu à necessidade de redefinir os paradigmas,
Descartes na declaração, "penso logo existem", descritos pelo Prof.
Wesley Dourado na palestra "Aspectos Gerais da Filosofia Moderna sobre as
como um "ponto arquemédico [...] a verdade inicial da qual se poderá
constituir outras verdades" iniciou esse processo. Ele declara que o
homem, ser racional por natureza, tem a capacidade de alcançar o conhecimento e
mais que isso, sua existência é definida pelo ato de pensar.
Por
entender ser possível chegar ao pleno conhecimento através do processo de
pensamento racional, Descartes, idealizou um processo de dúvida metódica pelo
qual através da rejeição (eliminação) de pensamentos ou ideias em que resida a
menor dúvida o homem seria capaz de alcançar o conhecimento. As obras do
Descartes formaram a base sobre qual os racionalistas desenvolveram seus
processos.
O Empirismo
Quando
Leonardo Da Vinci afirma que "A sabedoria é filha da experiência" de
fato resume em poucas palavras a crença dos empiristas ingleses cujo trabalho
antecedeu por quase um século. Francis Bacon, John Locke, David Hume e outros
pensadores contra posição aos racionalistas do continente europeu desenvolveram
e propagavam o raciocínio experimental, ou seja, a teoria de que o único
caminho pelo qual o homem pode chegar ao conhecimento é através da experiência
sensível (empírica). Marlene Chauí explica que Francis Bacon "propõe a
instauração de um método, definido como modo seguro de 'aplicar a razão à
experiência', isto é, de aplicar o pensamento lógico aos dados oferecidos pelo
conhecimento sensível". (2006 p.126)
Marlene
Chauí afirma que para os empiristas o contato com o mundo externo através de um
conjunto de sensações (através dos sentidos) leva a um processo de dedução que
possibilita o conhecimento, "O conhecimento é obtido por soma e associação
das sensações na percepção e tal soma e associação depende da frequência, da
repetição e da sucessão dos estímulos externos e de nossos hábitos". (2006
p.133) Um fator marcante da modernidade é a separação entre a Filosofia e a
Ciência empírica. A ciência moderna, dependente nas experiências desenvolvidas
em situações controladas, é empírica por natureza, contrastando-se com o
pensamento do Aristóteles que percebia a Metafísica como ciência primeira.
A perfectibilidade.
Os
precursores da filosofia moderna entre eles Leonardo da Vinci, Copérnico e
Galileu acreditaram na perfectibilidade da natureza e defenderam a teoria da
perfectibilidade da razão humana. Iniciou-se uma "busca por expressar,
entender, explicar pela razão perfeita a natureza perfeita" A ciência
renascentista entendeu que pelo fato que Deus criou a natureza é possível
conhecer Deus através da natureza e, portanto, produzir conhecimento.
Em sua
epistemologia Immanuel Kant sintetizou as teorias do Descartes e os
racionalistas continentais e Hume e os empiristas ingleses.
O processo
de racionalização, característico da Modernidade, que começara com os
renascentistas e com os cientistas, e passara por Descartes e pelos empiristas,
podia agora, ser compreendido por Kant como um processo que representava o curso
natural da evolução da sociedade. Finalmente o ser o humano estava apto para
raciocinar sobre a própria razão.
Embora
enfatizando e dando destaque alto à razão e a perfectibilidade humana, Kant e
outros filósofos modernos não fizeram nenhuma ruptura dramática dos valores
religiosos da idade média. Essa ruptura veio com os Iluministas franceses como
Voltaire e Diderot que produziram obras laicas e seculares e, por vezes
extremamente críticas da ação de igreja e sua influência opressiva na sociedade
e interferência no governo.
A filosofia
moderna coloca a razão, sujeito a exigências da fé na idade média, em liberdade
e por fim à dependência do ser humano possibilitando seu esclarecimento,
colocando o conhecimento ao seu alcance. Representa (na Europa ocidental) uma retomada
do pensamento da antiguidade e libertação do conhecimento do controle da igreja
poderosa dispensadora da graça divina na idade média.
REFERÊNCIAS:
CHAUÍ, Marilena Convite à Filosofia. Editora Ática -13ª ed. 2006.
Disponível:<
http://www.suapesquisa.com> acesso em 03/05/2012 as 20 horas
Disponível:
acesso em 03/05/2012 as 22 horas e
30 min.
No início da história da Filosofia, os filósofos começaram a se perguntar sobre as mais diversas questões que permeiam o pensamento humano. Uma delas é sobre a verdade. O que é a Verdade? Platão inaugura seu pensamento sobre a verdade afirmando: “Verdadeiro é o discurso que diz as coisas como são; falso aquele que as diz como não são”. É a partir daí que começou a se formar a problemática em torno da verdade.No dicionário Aurélio encontra-se a seguinte definição de verdade: “Conformidade com o real”. Talvez merecesse um comentário mais amplo, a afirmação acima de Platão, mas partindo do conceito dado pelo dicionário pode-se chegar as seguintes conclusões: Não existe uma verdade cujo sujeito possa ser o seu detentor; a Filosofia chegou a distinguir cinco conceitos fundamentais da verdade: a verdade como correspondência, como revelação, como conformidade a uma regra, como coerência e como utilidade. Falar-se-á um pouco de cada uma. A verdade como correspondência diz respeito à afirmação platônica que foi citado no inicio deste texto. É a verdade que garante a realidade, ou seja, o objeto falado é apresentado como ele é. Aristóteles diz que: “Negar aquilo que é, e afirmar aquilo que não é, é falso, enquanto afirmar o que é e negar o que não é, é verdade”. Essa definição de verdade é a mais antiga e divulgada.A concepção de verdade, sob o aspecto da revelação, surge num tempo em que empirismo, metafísica e teologia apresentaram novas formas de se entender a realidade. Trata-se de uma verdade que sob a luz empirista se revelou ao homem por meio das sensações, e sob a perspectiva metafísica ou teológica mostrou o verdadeiro por meio de um Ser supremo, Deus, que evidencia a essência das coisas.A conformidade apresenta uma verdade que se adapta a uma regra ou um conceito.
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